quarta-feira, 20 de abril de 2011

Nota da autora

Queridos, desculpem, mais uma vez, a demora nas postagens, mas como já disse antes, meu tempo fica muito apertado nas semanas de provas. Isso me impede de fazer várias coisas que gosto, inclusive atualizar as matérias do Blog.

Vou fazer de tudo para manter o Meu Mundo Cênico, o mais atualizado possível.

Abraço a todos.
Michele, autora do Blog.

O inesquecível Clube dos Cinco.



Vejo muitos filmes nas horas livres, alguns bons, outros nem tanto, e claro, aqueles que considero obras-primas, como o que intitula esse post: The Breakfast Club mais conhecido no Brasil por Clube dos Cinco.
Mas vocês devem estar se perguntando: Por que falar desse filme 26 anos depois da sua estréia? Simples. Eu o assisti pela primeira vez ontem. Eu sei, é chocante e fico realmente frustrada por não tê-lo visto antes, posso afirmar com clareza que agora entendo o porquê dele ser considerado um "clássico cult" ou "o filme que define a década de 1980", de acordo com a Wikipédia.
Ele é simplesmente impecável e completamente leal em sua proposta.
O Clube dos cinco é daqueles filmes em que tudo dá certo, o elenco, as interpretações, o cenário, a fotografia, mas principalmente O ROTEIRO! Nesse filme o grande protagonista, de longe, foi o roteiro. Bem escrito, ágil, dramático, engraçado e muito atual, mesmo tendo sido escrito no ano de 1982, e pasmem, no longo período de dois dias por John Hughes, que também dirigiu o filme.
O filme aborda um dia na vida de cinco adolescentes que, por terem se comportado mal na escola, ficam detidos nesta, um sábado inteiro e que apesar de muito diferentes, acabam se conhecendo melhor. Uma ideia simples e ao mesmo tempo brilhante. A prova de que uma boa história, para ser contada, não precisa de milhões de efeitos especiais ou cenários caríssímos.

Antes do filme propriamente dito começar, nos defrontamos com uma sugestiva citação de David Bowie, a qual sintetiza bem a essência dos personagens principais.

"...E essas crianças em que você cospe, enquanto elas tentam mudar seus mundos, são imunes às suas consultas. Elas sabem muito bem pelo que atravessam...”

ALERTA DE SPOILER:

Sábado, 24 mar 1984. Shermer High School, Shermer, Illinois. 60062.
"Caro Sr. Vernon, aceitamos o fato de que nós tivemos que sacrificar um sábado inteiro na detenção pelo que fizemos de errado ... e o que fizemos foi errado, mas acho que você está louco por nos fazer escrever este texto dizendo-lhe o que pensamos de nós mesmos. Que te importa? Você nos enxerga como você deseja nos enxergar ... Em termos mais simples e com definições mais convenientes. Você nos enxerga como um cérebro, um atleta, um caso perdido, uma princesa e um criminoso. Correto? Essa é a maneira que nós nos víamos, às sete horas desta manhã. Passamos por uma lavagem cerebral."
Brian Johnson


O filme começa com a narração da carta escrita pelo "nerd" Brian e a chegada dos alunos à escola. Cada um a sua maneira, porém já nessa cena, podemos observar as sutis semelhanças entre os cinco.
Eles não podiam conversar entre si, dormir ou sair da biblioteca. Deveriam se limitar a pensar sobre seus atos e escrever uma redação sobre o que achavam deles mesmos e é aí que tudo começa.

O Clube:

John Bender, o criminoso:


John causa uma primeira impressão nada amigável. Desprezando a tudo e a todos, esnobando, insultando, ameaçando e fazendo piadinhas irônicas o tempo inteiro. Com isso ele acaba por chamar a atenção dos demais, que estavam dispostos, de fato, a fazer a redação e torcer para que o dia acabasse logo.
Aos poucos, John vai se revelando e em umas das inúmeras discussões com Andy, acaba mostrando a todos a queimadura de charuto do pai em seu braço. É nesse momento que todos descobrem que John sofre violência doméstica e essa é a razão de sua rebeldia.
Motivo da detenção: Vandalismo e rebeldia.

Claire Standish, a princesa.


Principal vítima dos insultos de John, Claire inicialmente passa a imagem de menina mimada e fútil. Posteriormente descobrimos que ela odeia conviver com seu grupo social de mauricinhos e patricinhas e que sempre é usada como moeda de troca pelos pais que estão a beira do divórcio.
Motivo da detenção: Gazetear aula para ir ao shopping.

Andrew "Andy" Clark, o atleta.


Ironicamente, o lutador é o mais doce dos cinco estudantes. Andy sofre muita pressão do pai para ser o melhor sempre. Ele é muito sensível e tem grande empatia pelos outros, inclusive pelo garoto que foi vítima do bullying dele com seus amigos lutadores. Andy chora sempre ao falar do assunto e na cena onde eles se drogam com a maconha de John, enquanto todos falam coisas desconexas, Andy dança. Ele simplesmente dança, passos eufóricos e desesperados, como se pela primeira vez estivesse solto, livre de uma corda invisível que o prendeu a vida inteira. O sonho de Andy é sofrer um acidente no joelho para ficar "inútil" e seu pai deixá-lo em paz.
Motivo da detenção: Bullying em um colega para agradar o pai.

Brian Johnson, o cérebro.


Brian, segundo John, "é o filho que todo pai gostaria de ter, o senhor perfeito, com uma vida perfeita", porém somos apresentados a uma realidade bem diferente. Igualmente ocorre com o atleta popular Andy, Brian sofre uma pressão enorme da família, no caso, por boas notas, inclusive até pensado o suicídio por ter zerado um trabalho.
Brian, ao consumir drogas, libera um "eu" totalmente descolado.
Motivo da detenção: Uma arma, na verdade é um sinalizador, disparou em seu armário.

OBS: Este é um dos poucos filmes em que o nerd não é visto como algo ANORMAL, com aquela típica visão de filmes clichês americanos. Aqui ele é tratado como membro de um grupo pouco popular na escola, mas não como uma aberração.

Allison Reynolds, o caso perdido.

Allison é a mais complexa do grupo. Se a primeira impressão de John foi ruim a dela foi péssima. Sua entrada furtiva na biblioteca fez todos rirem abertamente e depois seus trejeitos estranhos causaram aversão e, certa curiosidade, dos outros alunos.
É fácil notar que os pensamentos da garota fluem em um mundo difícil de penetrar sem que ela permita. Diferentemente dos outros quatro, ela não sofre pressão dos pais, ela é ignorada por eles. Completamente ignorada. Por isso sua bolsa está sempre pronta para uma fuga e seus planos são de recomeçar em um lugar melhor, mas fazer com que a menina quieta e calada se revelasse foi uma tarefa muito difícil para os outros. Tudo nela, desde as roupas até a atitude é um grito por atenção.
Motivo da detenção: Nenhum. Ela não tinha nada melhor para fazer no sábado.





A parte do nerd mandando a princesinha "se fu@#$r" por ela achar que os membros do seu grupo não sofriam nenhum tipo de pressão social é muito diferente do que estamos acostumados a ver em filmes de high school americanos. Outras cenas diferentes do habitual foram as do início do interesse de Andy por Allyson, que ocorreram antes mesmo dela tirar as inúmeras camadas de roupa e maquiagem preta. Geralmente nos filmes, o bonitão só se apaixona pela esquisita após a "transformação" dela.


Uma curiosidade interessante sobre o filme é que a memorável cena em que os personagens sentam em círculo no chão da biblioteca e contam as razões de seu castigo, não tinha falas no roteiro original e o diretor autorizou os atores que falassem o que quisessem. Essa é uma das minhas cenas favoritas do filme, talvez, inclusive, por essa espontaneidade dos diálogos.


Só tenho a dizer, por fim, que assistam esse clássico. É uma experiência inesquecível.








"Você é muito sexy, quando fica com raiva"
John para Andy


Em 2008, o filme foi escolhido pela revista Empire como um dos 500 melhores filmes de todos os tempos. Do mesmo modo, o The New York Times o colocou como o seu melhor filme na lista 1000 Movies Ever. O filme também é número 1 no ranking da revista Entertainment Weekly sobre os 50 melhores filmes High School e é inquestionável que o filme serviu e ainda serve de inspiração para outras obras cinematográficas.



Posters Minimalistas (acho isso muito legal):






Brian Johnson: "Caro Sr. Vernon, aceitamos o fato de que nós tivemos que sacrificar um sábado inteiro na detenção, pelo que fizemos de errado ... mas acho que você está louco por nos fazer escrever um texto dizendo o que nós pensamos de nós mesmos. Você nos enxerga como você deseja nos enxergar ... Em termos mais simples e com as definições mais convenientes. Mas o que descobrimos é que cada um de nós é um cérebro ..."

Andrew Clark: "... um atleta ..."
Allison Reynolds: "... um caso perdido ..."
Claire Standish: "... uma princesa ..."
John Bender: "... e um criminoso ..."
Brian Johnson: "Isso responde a sua pergunta? Sinceramente, o Clube dos Cinco."

Imagens weheartit.